Quanto tempo faz que avós não abraçam seus netos? Quanto tempo tem que os pequenos não abraçam seus professores? Quanto tempo que mães e pais enfermeiros não abraçam seus filhos? Quanto tempo mais sem esse que é o melhor dos afetos?
Ah, o abraço! Aquele misturar de braços que parece energizar e arrepiar todo o corpo. O abraço é o ato de abraçar, de apertar entre os braços, geralmente em demonstração de amor, gratidão, carinho, amizade... No clássico e bom Aurélio, abraço significa união e também demonstração de amizade. Nosso poeta,Mário Quintana, classifica o abraço como o ato de "dizer com as mãos o que a boca não consegue, porque nem sempre existe palavra para dizer tudo”. No entanto, não são só de significados e poesia que o maior dos afetos é revestido, não. Estudos recentes comprovam também benefícios desse ato para a saúde física e mental.
Mas, e nesse período de pandemia em que muitos de nós estamos distantes daqueles que mais amamos? Como transmitir esse sentimento tão necessário ao fortalecimento das convivências permeadas por amor e carinho?
Mas, e nesse período de pandemia em que muitos de nós estamos distantes daqueles que mais amamos? Como transmitir esse sentimento tão necessário ao fortalecimento das convivências permeadas por amor e carinho?
Muito além da prática do abraço, “apenas” fisiológico de sua transmissão, está o seu aspecto espiritual, de alimento para a alma. Bráulio Bessa, poeta e declamador cordelista cearense que toca o nosso coração constantemente por meio de seus lindos versos, diz que gosta “de comparar a poesia a um abraço, que consegue fazer um carinho na alma sem nem saber qual é a dor que você está sentindo”. Ou seja, um abraço no coração e no espírito pode e deve ser transmitido a distância, pois sua principal função, dita nas linhas anteriores, vai muito além dos aspectos apenas do encontro de braços.
Nessa quantidade de encontros virtuais que a pandemia criou, as conhecidas lives, nos contatos virtuais por vídeo via smartphones, temos a oportunidade de dizer e de transmitir a quem mais amamos nossos abraços virtuais, nossos sinceros afetos, que preenchem a alma de quem os recebe. De netos a avós, de alunos a professores, de filhos a pais que estão distantes por necessidade, aos profissionais da saúde. De forma mútua, as conexões serão criadas espiritualmente por meio das manifestações de apreço complementadas pelos dizeres, pelos gestos e aspectos faciais, recheadas com muito carinho.
Maria Bethânia abraçou um mar inteiro e a Dona Alvorada, para agradecer, cantou para o mar. Gilberto Gil mandou aquele abraço para todo o povo brasileiro, e nós adoramos. A música virou hino, o tema do abraço. Não perca você também a oportunidade de, nessa pandemia, enviar seu abraço sincero a quem você ama. Esse gesto irá fazer bem a você e, também, a quem irá recebê-lo, para que aguentemos esperar o fim dessa pandemia e, quando tudo isso terminar, e vai terminar, dentro do que está sendo chamado de “novo normal”, voltemos a expressar também nossos sentimentos por meio daquele antigo, bom e gostoso abraço bem apertado!
Sérgio Campelo
Sérgio Campelo
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