Uma música com história!
Tocado há anos neste país, o hino já foi símbolo da monarquia e da república.
O compositor Francisco Manuel da Silva tocava violoncelo, violino, piano, órgão e tímpanos uma espécie de tambor. Seu parceiro, e autor da letra do hino, Joaquim Osório Duque Estrada, foi professor, crítico literário e poeta. Mas a dupla musical mais cantada do Brasil nunca se sentou na mesma mesa. Francisco morreu em 1865. Duque Estrada só nasceria cinco anos depois, em 1870.
A melodia de Francisco, composta em 1831 por ocasião da abdicação de D. Pedro I, atravessou os terremotos da política. Teve letras diferentes, mas não perdeu um compasso sequer. Em 1890, foi declarada a sua morte: abriu-se um concurso para escolher um novo hino. Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, ouviu os concorrentes, mas decretou que a velha melodia continuava a melhor.
Em 1908, outro concurso. Agora queria-se uma letra republicana para o hino. Ganhou a de Duque Estrada, que celebrava a independência.
Duas letras do Hino Nacional
Manuel da Silva (1795-1865)
Duque Estrada (1870-1927)
Autor de um livro sobre o Hino Nacional, o jornalista Aldo Pereira propõe que sua letra seja lida na ordem direta para uma melhor compreensão. Ele fez, também, um glossário com as palavras menos conhecidas
A versão original...
I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor desta igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
II
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida,"
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó Pátria amada...
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada...Margens plácidas
"Plácida" significa serena, calma. Esse é o tom desses versos. Ao contrário do hino de outras nações, o nosso não fala em guerras
...e na ordem direta
I
As margens plácidas do Ipiranga ouviram
o brado retumbante de um povo heróico,
e, nesse instante, o sol da Liberdade
brilhou, em raios fúlgidos, no céu da Pátria.
Se conseguimos conquistar com braço forte
o penhor desta igualdade,
em teu seio, ó Liberdade, o nosso peito
desafia a própria morte!
Ó Pátria amada,
idolatrada,
salve! salve!
Brasil, se a imagem do Cruzeiro resplandece
em teu céu formoso, risonho e límpido,
um sonho intenso, um raio vívido
de amor e de esperança desce à terra.
És belo, és forte, impávido colosso,
gigante pela própria natureza,
e o teu futuro espelha essa grandeza.
Ó Pátria amada,
Brasil, [apenas] tu,
entre outras mil [terras],
és terra adorada!
Pátria amada, Brasil,
és mãe gentil dos filhos deste solo!
II
Ó Brasil, florão da América,
deitado eternamente em berço esplêndido,
ao som do mar e à luz do céu profundo,
fulguras iluminado ao sol do Novo Mundo!
Teus campos lindos, risonhos, têm mais flores do que a terra mais garrida; [e assim como] "nossos bosques têm mais vida," [também] "nossa vida" no teu seio [tem] "mais amores".
Ó Pátria amada...
Brasil, o lábaro estrelado que ostentas
seja símbolo de amor eterno,
e o verde-louro dessa flâmula diga:
Paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues a clava forte da justiça,
verás que um filho teu não foge à luta,
quem te adora não teme nem a própria morte.
Terra adorada...
Margens plácidas
"Plácida" significa serena, calma. Esse é o tom desses versos. Ao contrário do hino de outras nações, o nosso não fala em guerras
Ipiranga
É o riacho junto ao qual D. Pedro I teria proclamado a independência. O Ipiranga nasce junto ao zoológico da cidade de São Paulo
Brado retumbante
Grito forte, que provoca eco
Penhor
Usado de maneira figurada, "penhor desta igualdade" é a garantia, a segurança de que haverá liberdade
Imagem do Cruzeiro resplandece
O "Cruzeiro" é a constelação do Cruzeiro do Sul, que brilha, ou resplandece, no céu
Impávido colosso
"Colosso" é o nome de uma estátua de enormes dimensões. Estar "impávido" é estar tranqüilo, calmo
Mãe gentil
A "mãe gentil" é a pátria. Um país que ama e defende seus "filhos", os brasileiros, como qualquer mãe
Florão
"Florão" é um ornato em forma de flor usado nas abóbadas de construções grandiosas. O Brasil seria o ponto mais importante e vistoso da América
Garrida
Enfeitada, que chama a atenção pela beleza
Lábaro
"Lábaro" era um antigo estandarte usado pelos romanos. Aqui é sinônimo de bandeira
Clava forte
Clava é um grande porrete, usado no combate corpo-a-corpo. No verso, significa mobilizar um exército, entrar em guerra
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